segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Sobre viajar só



Compreendi que é necessário estar só as vezes, foi quando decidi que eu iria viajar sozinha, contemplando e admirando a minha companhia, sozinha com meus pensamentos colocando em ordem o meu ser interior. EU, no meio de paisagens exuberantes, que falam por si só, acompanhada pela minha emoção e gratidão pela vida e por estar viva, uma introspecção me toma conta, observando meus estados mentais e tomando consciência deles, encantada com cada sutileza da natureza, sinto as águas dos rios correndo dentro de mim, limpando o que precisa ser limpo, os cantos dos pássaros se fazem poemas em meus ouvidos, o vento em meu rosto se torna uma carícia. A vida é uma eterna permissão, se permitir viver é a grande dádiva que devemos nos proporcionar, se abrir para a vida e para seus acontecimentos se tornam um exercício constante, me vejo cercada de pessoas por todos os lados, ainda um pouco arisca me abro com a delicadeza de uma flor que desabrocha, e acabo descobrindo que você nunca está só quando viaja sozinho, uso minha percepção aguçada para me aproximar de almas delicadas e íntegras que me encantam, me surpreendo e fico feliz com a quantidade de pessoas especiais que ainda existem nesse mundo, que estão procurando aquela mesma paz interior, (auto) conhecimento, e que valorizam os pequenos detalhes da vida.
Todas as manhãs, meu despertar era para o que verdadeiramente me interessava, olhando para trás descobri terrenos que eu não soube cultivar, e olhando para frente descobri quantas flores no meu jardim eu tenho, e quantas mais ainda posso cultivar, que a força e a vitalidade do meu interior não me deixem nunca falhar com a sensibilidade da arte que é cultivar.
Diante de cada paisagem meu olhar saboreava cada detalhe, inaugurando percepções, sensações e emoções, para cada olhar, me foi concedido a bênção de ter olhos que não se fechem ao espetáculo da vida. Aprendi a ser cada vez mais maleável com todos que me cercam, inclusive comigo mesma, derretendo aquela rigidez adormecida dentro de mim. As energias de todas as ruínas, montanhas, horizontes azuis, me trouxeram a energia da mudança que me são necessárias. Mesmo com cada dificuldade que experimentei, não deixei que a luz do meu coração e  do meu rosto parassem de sorrir, transformei cada uma delas em crescimento.
Cada passo percorrido era um presente ao meu coração, ganhei a sabedoria do silêncio, a serenidade dos horizontes, o sorriso de cada ser que cruzou meu caminho, a força e a vontade de prosseguir de cada caminho árduo, a compreensão das diferentes culturas, e a coragem de  me abrir mais de cada flor encontrada no caminho...

- Fer Simões